Manifesto “A Força das Mulheres no Terceiro Setor” é lançado no encerramento do 17º ENATS

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Manifesto “A Força das Mulheres no Terceiro Setor” é lançado no encerramento do 17º ENATS

Evento mostra que a igualdade de gênero é um compromisso inegociável para o fortalecimento do Terceiro Setor

“Queremos a igualdade de oportunidades e ser presença efetiva e respeitada nos espaços de poder. Este é um chamado para que possamos avançar, gerar valor e desenvolvimento pela via do conhecimento, entendendo que é também necessário aumentar o acesso a tecnologias de informação e comunicação para promover o empoderamento.” Esta é uma parte do texto do Manifesto que foi apresentado no painel que encerrou o 17º Encontro Nacional do Terceiro Setor – ENATS, realizado de 27 de setembro a 1º de outubro, de forma virtual. 

O evento, que reuniu representantes de organizações sociais, iniciativa privada e poder público para troca de experiências, trouxe o tema “Sociedade civil, empresas e governo: novos caminhos para não deixar ninguém para trás!”, com debates diversos em um espaço de diálogo intersetorial. 

Julia Caldas, superintendente Executiva da FUNDAMIG e co-idealizadora do Manifesto, mediou o painel e explicou que esta iniciativa faz parte de uma jornada de empoderamento e protagonismo feminino por meio das Organizações da Sociedade Civil. Ela revela que a ideia surgiu a partir de uma reflexão com Nanda Soares, fundadora e diretora da Conectidea. O ponto de partida foi um estudo para celebrar o dia das mulheres 2021, no qual elas se depararam com o seguinte conteúdo trazido pela ONU Mulheres: “As mulheres foram duramente atingidas pela COVID-19, pois constituem 70% das pessoas que trabalham no Setor Social e de Saúde em todo o mundo, e estão na linha de frente da resposta.” 

Julia apresentou dados importantes sobre o trabalho das mulheres, introduziu o tema da Economia do Cuidado e conduziu a mesa para explanação das convidadas, que fazem parte do Grupo de Trabalho para construção do Manifesto. Elas compartilharam vivências e desafios do protagonismo feminino, bem como perspectivas para continuidade e adesão a este movimento.  

Nádia Rampi, líder do Centro Social Cardeal Dom Serafim e Diretora Estatutária da Fundação Dom Cabral, comentou que esta é uma ocasião importante para o Terceiro Setor. Ela ressaltou: ”Fazendo uma reflexão sobre a apresentação de dados expressivos sobre as mulheres atuantes no Terceiro setor, principalmente em atividades socialmente femininas, embora sejam a maioria, no meu ponto de vista ainda faltam estudos e pesquisas  que retratem o verdadeiro quadro da presença de mulheres em lideranças nas organizações. (…) Hoje não conseguimos saber quantas mulheres participam de conselhos curadores, fiscais, deliberativos e quantas mulheres do Terceiro Setor ocupam posições de liderança.” Nádia ainda reforça a importância de fóruns como esse para a união do Terceiro Setor, trazendo mais dados e ações em prol da igualdade de gênero. 

Em seguida, Marisa Seoane, Chefe de Gabinete da Procuradoria Geral do Município de Belo Horizonte, vice-presidente do CONFOCO-BH e membro do GT do Manifesto, acentuou que este é um tema caro a toda a sociedade, especialmente às mulheres, e que o desafio da igualdade de gênero, neste contexto, passa por duas vertentes. “A primeira vertente é das mulheres que são atendidas pelo Terceiro Setor, que em grande parte são vítimas de violação de direitos, vítimas de violência, da falta de recursos, da falta de estrutura, problemas familiares, de todo tipo de situações que levam o Terceiro Setor a ser esse setor que cuida”. A segunda vertente apresentada por Marisa diz respeito às mulheres que trabalham neste setor. “Temos aí uma presença muito significativa e muito voltada para as causas. São mulheres que abraçam causas, que acreditam em transformações, soluções, arregaçam as mangas e vão à luta.” 

Marisa apresenta dois problemas importantes para perceber as discrepantes posições dos cenários que se apresentam para as mulheres e para os homens. Temos “mulheres que estão sendo atendidas por ter os seus direitos violados, e mulheres que estão atendendo, atuando no Terceiro Setor e muitas vezes com seus direitos, no mínimo, limitados, se comparados especialmente aos cargos de liderança e a sua remuneração, que muitas vezes, de fato, ficam destoantes daquilo que o mercado oferece, abarca para os homens, para esse mundo masculino.”          

Para fechar o painel, Nanda Soares, co idealizadora do Manifesto, afirmou que valorizar as mulheres é também fortalecer o setor de desenvolvimento, deixando claro que esta construção coletiva, que ainda terá continuidade, mostrou que “o compromisso inegociável que o  Terceiro Setor deve assumir em relação à igualdade de gênero para valorização das mulheres é fomentar trilhas de conhecimento e impulsionar a liderança feminina, apropriando-se, de fato, deste caminho, para que isso não seja apenas um discurso, mas uma prática dentro das organizações.” Em sua fala, ainda ressalta: “Quando nós nos encontramos e nos disponibilizamos para construir este Manifesto, entendemos que não é algo isolado, que isso demanda a atenção da sociedade como um todo, com investimento de recursos e ações integradas. Esta é uma oportunidade para ampliar e qualificar o debate para alcançar avanços reais, que precisam ser documentados, monitorados e compartilhados. E de acordo com as diversas realidades das organizações da sociedade civil, é possível pensar planos para gerar mudanças compartilhadas”. 

Julia Caldas encerrou o debate com as convidadas trazendo a importância da profissionalização, “pois o amor à causa existe e é grande, mas não basta para causar impactos socioambientais e econômicos que a sociedade busca, e esta valorização da qualificação é uma das frentes da FUNDAMIG”, ressaltou. Em continuidade, ela informa que, na segunda fase desse projeto, será realizada uma pesquisa para começar a aprofundar no perfil e necessidades das mulheres que atuam no Terceiro Setor, bem como a construção de um Guia com propostas para que a Gestão do Terceiro setor fomente a qualificação, trabalhe os ODS e abra espaços de diálogo para concretizar caminhos de representatividade e protagonismo feminino. 

Marcela Giovanna, presidente do CeMAIS, organização realizadora do ENATS, cuja equipe é quase exclusivamente feminina e também compõe o GT do Manifesto “A Força das Mulheres no Terceiro Setor”, finalizou esse histórico encontro destacando duas características normalmente relacionadas ao trabalho do cuidado: a forte presença feminina e baixa remuneração salarial. Ela comenta: “Há séculos, as mulheres realizam de forma não remunerada o trabalho do cuidado e ainda hoje, em pleno século XXI, vemos como é pequeno o investimento social para o cuidado. Essa é uma realidade que muito nos incomoda e que trabalhamos diariamente para mudar. (…) Acreditamos que é preciso promover o fortalecimento do Terceiro Setor e das alianças intersetoriais. Assim teremos uma sociedade mais justa, mais equitativa, capaz de crescer sem deixar ninguém para trás.

O evento contou com a parceria da Associação de Surdos do Alto São Francisco- Confraria de Surdos, que realizou a tradução para libras.

Esse Manifesto traz a voz de mulheres dispostas a uma verdadeira transformação. Acesse a página com o texto e vídeo (imagem e áudio) do manifesto: https://conteudos.fundamig.org.br/manifesto-mulheres-no-terceiro-setor

Para quem deseja contribuir, seja participando da pesquisa e/ou na construção do Guia, acesse: https://forms.gle/oSYLiworiYYNzbXB7

2021-10-07T16:22:46-03:0007, 10, 21|0 Comments

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