A situação atual e o trabalho das OSCs durante a pandemia do Covid-19

//A situação atual e o trabalho das OSCs durante a pandemia do Covid-19

A situação atual e o trabalho das OSCs durante a pandemia do Covid-19

Um breve relato sobre o trabalho da FUNDAMIG e de suas filiadas e algumas questões para reflexão

Por Julia Caldas de Almeida, Superintendente da FUNDAMIG.

Quatro meses e meio em sistema home office – 137 dias corridos. 135 postagens no feed do Instagram e centenas de compartilhamentos de campanhas de filiadas nos stories, apoiando seus pedidos por doações e por voluntariado, as divulgações de bazares online e lives para captação de recursos. Mais de mil seguidores atingidos. Atendimentos, curadoria de conteúdos e compartilhamento de informações, sobre alterações na legislação durante a pandemia que afetou o funcionamento de quase todas as organizações brasileiras, sobre liderança online, gestão de crise, trabalho remoto e bem estar, equilíbrio emocional, saúde mental, capacitação virtual. Reportes diários da Fundação Dom Cabral atualizando os números e as informações. Editais para voluntariado digital. Advocacy online. Relacionamento institucional e intersetorial online. Replanejamento. Adaptação.

No Brasil, suspensão de contratos de trabalho, redução de jornadas, gozo de férias com pagamento de 1/3 junto com 13º. 12,4 milhões de brasileiros desempregados[i] e mais de 700 mil empresas fechadas[ii]. Adiamentos e parcelamentos de tributos, adiamentos de prazos para declaração de imposto de renda, entrega de prestação de contas, balanços anuais, realização de assembleias ordinárias. Manifesto: “A responsabilidade tem que viralizar!” Funcionamento de cartórios virtuais? Em Minas não temos. “Imunidade para OSCs já!” A luta pelo não pagamento do ITCMD por OSCs – em todos os estados brasileiros. “Pela valorização da filantropia – e do Terceiro Setor – no Brasil!” Mais de 650 mil óbitos por Covid-19 no mundo, dos quais quase 90 mil no Brasil e as sensações de medo, tristeza, saudades e indignação sendo postadas nas redes sociais[iii].

Enquanto isso, quase 2 milhões de brasileiros recuperadosiii. Shows, treinos físicos, grandes eventos, reuniões familiares, aniversários e trabalho voluntário ocorrendo de forma virtual. Trabalho em home office, aulas e capacitações online, delivery de tudo o que antes nem se podia imaginar, restaurantes famosos e requintados vendendo refeições completas em que se busca os alimentos pré-prontos e os finaliza em casa junto com o chef por live! Não tem como voltar ao que era antes depois de tudo isso. Recorde de doações no Brasil que bateram a marca de 6 bilhões de reais[i]. Mas de onde vieram essas doações? Do mesmo lugar onde antes não haviam recursos? Vieram para que? Para quem? Porque? Após a pandemia, elas continuarão vindo? Conseguiremos captar para investir de verdade na sustentabilidade das organizações ou elas, que claramente mostraram seu valor na pandemia, continuarão mendigando seu sustento, dia após dia, e só poderão contar com esses recursos em cenários de guerra mundial? Quais delas irão sobreviver? E como?

Muito se discute sobre o novo normal, mas normal para quem? Normal é normal para todos? Para ser bom tem que ser normal? O normal de antes era bom? E, se sim, será que era bom para todos? Ingressamos sem retorno nesse modo ainda mais virtual de vida, onde não há mais distância para quem está conectado, mas, quem não, está cada vez mais isolado e excluído. A desigualdade cresce e as demandas sociais mais ainda, em ritmo descontrolado. As organizações estão se reinventando e nadando, em meio à tempestade, com todas as forças e com todo o amor a causa que sempre tiveram, não só para sobreviverem, como as empresas, mas, também, para não deixar de atender. As dificuldades, que já existiam e eram tantas, não deixaram de atrasar o processo e ainda surgiram novas e mais complexas. É preciso agir e se conectar. Se antes já era necessário se capacitar e profissionalizar, há cada vez menos espaço para amadorismo e falta de gestão. Se o tal “novo normal” exige excelência, vamos juntos, porque juntos sempre seremos mais fortes.

[i] Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/07/17/desemprego-diante-da-pandemia-volta-a-ter-alta-apos-leve-queda-aponta-ibge.ghtml. Acesso em 30/7/2020.

[ii] Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/mais-de-700-mil-empresas-que-fecharam-as-portas-nao-vao-reabrir-apos-fim-da-pandemia-24535458. Acesso em 30/7/2020.

[iii] Fonte: Bússola Covid-19 FDC. Reporte diário de 28/7/2020.

[iv] Fonte: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/patricia-lobaccaro/2020/07/19/record-de-doacoes-e-pouco-investimento-no-fortalecimento-da-filantropia.htm. Acesso em 30/7/2020.

2020-08-12T16:35:22-03:0030, 07, 20|0 Comments

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