Comissão de participação popular debate os desafios do Terceiro Setor

//Comissão de participação popular debate os desafios do Terceiro Setor

Comissão de participação popular debate os desafios do Terceiro Setor

Audiência Pública na Assembleia de Minas Gerais, ontem, teve como pauta o Terceiro Setor e suas necessidades urgentes


Daniel Protzner/ ALMG

 

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pela gestão da FUNDAMIG e do Minas Voluntários – associação filiada – junto do Deputado Professor Cleiton, realizou ontem, 15, no Auditório José Alencar Gomes da Silva, andar térreo da ALMG, a 8ª reunião extraordinária da Comissão de Participação Popular, que teve como tema “os desafios do Terceiro Setor e sua importância na implementação de políticas públicas”.

A finalidade da Audiência Pública foi “debater os desafios do Terceiro Setor – conjunto de organizações da sociedade civil caracterizadas como instituições privadas, sem fins lucrativos, cuja atuação é voltada ao interesse público – e sua importância na implementação de políticas públicas”.

Compuseram a mesa: o Deputado Doutor Jean Freire, presidente da Comissão de Participação Popular; o Deputado Antônio Carlos Arantes; o Deputado Professor Cleiton; o Dr. Gilson Assis Dayrell, presidente Federação Mineira de Fundações e Associações Direito Privado – FUNDAMIG; a Patrícia Cesário Coimbra, presidente da Associação Ponto Cultural; a Iracema Machado Carmo, presidente do Instituto Viva Down; o Dr. Oswaldo Ferreira Barbosa Júnior (representando a Fernanda Pinto Araújo Gramacho), consultor de Planejamento e Gestão da Comunidade Reviver; a Clarice da Silva Dias,
Assistente Social e assistente de Coordenação do Centro de Acolhida Betânia; o Dr. Wagner Santos Faria, diretor do Minas Voluntários; o Dr. Gabriel Pereira de Mendonça, promotor de Justiça da Promotoria de Fundações de Belo Horizonte; a Dra. Maria Lúcia Gontijo, promotora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional ao Terceiro Setor – CAOTS / Ministério Público do Estado de Minas Gerais; o Rodrigo Starling, presidente do Minas Voluntários; e o Sr. Wellington Geraldo da Silva Corrêa, presidente do Conselho Metropolitano de Belo Horizonte da Sociedade São Vicente de Paula.

Além desses, estiveram presentes também representantes das organizações filiadas à FUNDAMIG: Fundação Arcelor Mittal, Associação Crepúsculo, Zeladoria do Planeta e Instituto Rondom Minas, dentre outros participantes.

A abertura da audiência contou com a apresentação de dança do ventre da Gabi e da Estéfane, representantes do Instituto Viva Down. Logo após, o presidente da Comissão convidou para a fala o presidente da FUNDAMIG, Dr. Gilson Dayrell, que apresentou a Federação, primeira organização representativa de Fundações no Brasil, que completa 25 anos em novembro desse ano e permanece até hoje contribuindo para o desenvolvimento da sociedade, promovendo o fortalecimento, a multiplicação e o intercâmbio entre Fundações e Associações em Minas Gerais e no Brasil, como mecanismo de transformação social.

O presidente apresentou como diretrizes estratégicas para esse biênio:

  • Representar as filiadas à FUNDAMIG e o Terceiro Setor mediante reestruturação, inserção política e relacionamentos intersetoriais;
  • Oferecer apoio às filiadas, por meio de capacitações, assessorias e Voluntariado Transformador;
  • Divulgar o trabalhoda FUNDAMIG e de suas filiadas, de maneira a mobilizar a sociedade e despertar a Cidadania para participar do desenvolvimento social;
  • Criar formas de sustentabilidade para o fomento da FUNDAMIG e de suas filiadas.

Para explicar a relevância do Terceiro Setor para a sociedade brasileira, o Dr. Gilson citou a pesquisa do Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas – FONIF, realizada em 2018e citada, em entrevista do presidente do FONIF na Folha de São Paulo, em 5/5/2019:

  • SAÚDE: 59% de todas as internações de alta complexidade no SUS são realizadas por Hospitais filantrópicos. No Brasil existem 906 municípios onde o único hospital é filantrópico, não havendo nenhuma presença pública na área de Saúde.
  • EDUCAÇÃO: 15% de todos os alunos matriculados na Educação Superior estão em Instituições filantrópicas. 725 mil bolsas de estudos no ensino superior e básico.
  • ASSISTÊNCIA SOCIAL: 47% das vagas oferecidas pela rede sócio assistencial privada provém do setor filantrópico. 3,6 milhões de vagas de serviços de proteção básica e especial
  • Em 2017, a Previdência Social brasileira arrecadou R$ 375 bilhões e isentou o valor de R$ 12 bilhões ao setor filantrópico no pagamento da cota patronal: o repasse às filantrópicas correspondeu a cerca de 3% da arrecadação da Previdência naquele ano.
  • Como contrapartida, este setor aportou valores tangíveis (empregados diretos, indiretos, materiais, estruturas etc.) e intangíveis (qualidade, conhecimento, desenvolvimento etc) e devolveu à população (de quem “teoricamente” tirou os R$ 12 bilhões) mais do que R$ 88 bilhões, ou seja, mais de sete vezes o que deixou de pagar legalmente.
  • 2,3 milhões de colaboradores. Um dos setores que mais contrata no País.

Ele cita, então, dados das organizações filiadas à FUNDAMIG, coletados pela equipe para relatório que está sendo realizado com o objetivo de demonstrar o impacto das filiadas à FUNDAMIG à sociedade mineira, após explicar que são relativos à 65 retornos, o que representa a metade do esperado, uma vez que a Federação conta com 125 fundações e associações filiadas:

  • No de alunos matriculados EDUCAÇÃO INFANTIL / CRECHE: 370
  • No de alunos matriculados ENSINO FUNDAMENTAL: 3030
  • No de alunos matriculados ENSINO MÉDIO / TÉCNICO: 2539
  • No de alunos matriculados ENSINO SUPERIOR (GRADUAÇÃO / PÓS): 7120
  • No de alunos matriculados CURSOS PROFISSIONALIZANTES: 29.486
  • Atendimentos por ano: 899.291
  • Número de leitos: 767
  • Mais de 359.624 atendimentos sócio assistenciais por ano
  • 9.300 pessoas impactadas em eventos de sensibilização para as causas do Meio Ambiente e 200.000 mudas já plantadas.

Dr. Gilson Dayrell, após apresentar dados que comprovam a força do Setor e da FUNDAMIG, como órgão representativo do Terceiro Setor em Minas Gerais, explicou que pretende criar um Fundo Patrimonial para sustentabilidade da FUNDAMIG e de suas filiadas e que o primeiro passo para a criação desse fundo será a implementação e coordenação de um Programa de Férias para Idosos, que terá como piloto o Estado de Minas Gerais e pode ser replicado em todo o Brasil, uma vez que tem impactos muito relevantes na Economia, com geração expressiva de emprego e renda e movimentação da rede turística e hoteleira em baixa temporada.

Ele lembrou, em sua fala, que o Encontro Nacional do Terceiro Setor – ENATS – evento idealizado pela FUNDAMIG há mais de vinte anos e que está em sua 15ª edição – em 2019 acontecerá no dias 1, 2 e 3 de julho, sendo realizado pelo Centro Mineiro de Alianças Intersetoriais – CeMAIS, sob curadoria da FUNDAMIG e outras organizações parceiras.

Convidou, então, para assinarem o Acordo de Cooperação com o Centro Mineiro de Voluntariado Transformador – Minas Voluntários, associação filiada à FUNDAMIG e parceira em diversas frentes, seus presidente, Rodrigo Starling, que fez um discurso sobre o despertar da sociedade para a Cidadania, a importância do protagonismo de cada um dos cidadãos para que ela aconteça e sobre a importância do Voluntariado Transformador para as organizações e para a sociedade como um todo.

A Dra. Maria Lúcia Gontijo, coordenadora do CAO-TS / MPMG, falou sobre a importância da profissionalização do Terceiro Setor e do Compliance. A Patrícia, da Associação Ponto Cultural, expressa sua dificuldade, compartilhada com outras organizações, sobre a falta de padronização dos editais em relação aos modelos de propostas de projetos a serem apresentados para captação e recursos: “Cada organização tem um modelo próprio de projetos”. Ela cita também uma outra questão crítica enfrentada pelo setor, que é a dificuldade para se registrar atas nos cartórios, que cobram taxas altíssimas, pedem tempo abusivo quando comprovado o direito à isenção das taxas e não tem normas e regras na exigência da documentação. Ela cita também a dificuldade que a maioria das organizações tem com o registro de dados, relatórios, monitoramento, avaliação e impacto dos projetos, reforçando a fala da Dra. Maria Lúcia, sobre a necessidade urgente da profissionalização do setor. O Dr. Oswaldo Barbosa, consultor e representante da Comunidade Reviver, fala da importância de se mapear, de forma pública e acessível, as Organizações Mineiras, além da importância do trabalho em rede. Iracema Machado Carmo, presidente do Instituto Viva Down, pede ajuda e atenção às dificuldades vividas pelas organizações menores e mais novas, que passa pela gestão, trato com questões jurídicas e de documentação e dificuldade financeira: “precisamos de ajuda do governo, de empresários, se não todos os meninos vão ficar na rua, porque eles não tem onde ficar”! A Clarice da Silva Dias, do Centro de acolhida Betânia, pede o apoio do poder público para parcerias entre as empresas e as organizações. Ela pede capacitação sobre o Marco Regulatório e fala da necessidade de atualização do diagnóstico do Terceiro Setor. O Sr. Wellington Geraldo da Silva, presidente do Conselho da Sociedade São Vicente de Paula e presidente da Fundação Balbina, fala da importância do apoio e do olhar diferenciado do Ministério Público para as Fundações, anuncia edital da Fundação, disponível em www.fbcabh.org.br, critica a relação das organizações com a SEDESE e critica a falta de normatização para registro de ata dos cartórios.

O presidente da comissão, Deputado Antônio Carlos Arantes, vice presidente da ALMG, abre para as perguntas e manifestações da plateia e o presidente da Zeladoria do Planeta, filiada à FUNDAMIG, Fernando Benício, demonstra seu apoio à FUNDAMIG e à frente parlamentar de apoio ao Terceiro Setor: “Acredito que a FUNDAMIG e esse movimento de apoio parlamentar podem gerar muito impacto”.

Mônica Abranches, presidente do Instituto Rondon Minas, filiado à FUNDAMIG, agradeceu ao presidente da FUNDAMIG por todo o apoio, carinho e atenção e convidou as instituições presentes a se filiarem, pois acredita “que juntos temos muito mais força”! Ela conta que estão prontos para trabalhar em 10 cidades do Norte de Minas e na regional Norte de Belo Horizonte, com mais de 400 voluntários universitários capacitados para levar apoio à sociedade. Ela aproveita sua fala para pedir apoio financeiro aos deputados, mas diz que “o mais importante que vocês deputados podem fazer por nós é movimentar a rede de apoiadores”.

O Deputado Professor Cleiton encerra a audiência convidando as organizações a confiarem no trabalho do Dr. Gilson e da FUNDAMIG e a somarem esforços.

É redigido requerimento para que a ALMG possa questionar a associação dos cartórios por uma regulamentação e isenção de taxas para as Organizações da Sociedade Civil. Confira a gravação, fotos e resultados da Audiência pelo link: https://www.almg.gov.br/atividade_parlamentar/comissoes/internaPauta.html?idCom=585&dia=15&mes=05&ano=2019&hr=14:30&tpCom=2&aba=js_tabPauta

2019-05-17T16:03:19-03:0017, 05, 19|0 Comments

Leave A Comment